Uma luz no fim do túnel

  • Tumor de Fígado

Procedimento minimamente invasivo diminui o índice de mortalidade e aumenta a qualidade de vida dos pacientes com câncer de fígado

A descoberta de um câncer pode ser altamente traumática não apenas para o paciente mas também para sua família. Para muitos, a doença e perda. Porém, a tecnologia médica evolui a cada dia, sempre em busca de uma forma de tratar o problema com o mínimo possível de dano ao paciente é o caso da quimioembolização, técnica de radiologia intervencionista que vem sendo usada como muito sucesso no tratamento de tumores de fígado. Na visão dos oncologistas, a radiologia intervencionista é de grande valia para diagnóstico e tratamento do câncer, auxiliando na cura da doença. 

Entre as doenças hepáticas o câncer de fígado é a complicação mais grave e frequente principalmente nos portadores de cirrose. A cada ano, cerca de 1.5 milhão de novos casos de câncer de fígado são registrados no mundo. No Brasil essa incidência gira em torno de 2 a 3 mil casos por ano. Muitas vezes, o tratamento mais indicado seria a remoção cirúrgica do tumor, mas isso nem sempre é possível.

Um dos pacientes que já se submeteu ao procedimento é o pediatra aposentado Marcos (nome trocado a pedido do entrevistado), de 78 anos, que passou por uma quimioembolização e agradece pelos resultados alcançados. “Eu nunca senti nenhuma dor, nenhum desconforto, também nunca me senti doente”, conta ele que a cerca de 3 anos descobriu dois nódulos no fígado. Ele comenta que a indicação para o procedimento foi da sua médica hepatologista. “Depois de uma avaliação, passei pelo procedimento com absoluto sucesso, não senti nenhuma dor ou enjoo e a recuperação foi rápida”, conta Marcos, que não precisa tomar nenhum remédio nem fazer dieta, além de ter recuperado a vitalidade.

Minimamente invasivo

De acordo com Alexandre Ramajo Corvello, médico do Instituto de Radiologia intervencionista (Inrad Curitiba) e membros da diretoria da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (SOBRICE), a cirurgia é desaconselhada em casos de tumores muito grandes ou aqueles que crescem para dentro de grandes vasos sanguíneos como a veia cava inferior, outras estruturas vitais. Também quando existem muitos tumores distribuídos por todo o fígado, a cirurgia torna-se muito perigosa ou impraticável, reconhece.

A remoção cirúrgica não é possível em aproximadamente dois terços dos pacientes portadores de câncer primário do fígado que se inicia nas células do próprio órgão e em 90% dos casos de tumores de fígado provenientes de outros órgãos metastase.no nesses casos que a técnica da quimioembolização é mais indicada. A técnica é de cateterismo tornando-se assim, minimamente invasiva e pouco agressiva, explica o especialista.

A técnica de quimioembolização hepática é realizada por radiologistas intervencionistas os únicos habilitados tecnicamente segundo a normativa da Associação Médica Brasileira, e consiste em, através de uma pequena incisão de 2mm na virilha, introduzir um cateter com uma combinação de medicações quimioterápicas diretamente nos vasos hepáticos que nutrem o tumor, combatendo as células cancerígenas. No local, também são injetadas micropartículas para bloquear as artérias que alimentam o tumor. Todo o processo é realizado através de cateterismo do fígado e não desencadeia dor, pois dentro dos vasos sanguíneos não existem terminais sensitivos e perceptíveis a esse estímulo. “Entre as vantagens desses procedimentos estão o menor tempo de internação (e consequente menor gasto hospitalar) e recuperação mais rápida, ressalta Alexander Corvello.

Conforme o especialista, o procedimento diminui a agressão e a toxidade que tais medicações podem causar para o resto do corpo e proporcionam, ao mesmo tempo, maior contato do produto quimioterápico com o tumor. Quem também não tem do que reclamar é o paciente Arthur Lanconi, 62 anos que realizou a quimioembolização no final de 2007 e dois meses depois já estava plenamente recuperado e realizando as atividades normais. Os resultados foram tão rápidos que nem tive tempo de me preocupar com a doença, comemora.

Destruindo o tumor

Outra técnica disponível e também realizada por meio da radiologia intervencionista é a ablação por radiofrequência, que tem como objetivo destruir o tumor através de uma agulha específica, queimando com a Ponta da Agulha, de forma localizada, semelhante à ação de um micro-ondas e que em casos pode dispensar ou postergar uma cirurgia convencional. “Este procedimento é ideal para pacientes não candidatos a cirurgia mas principalmente aqueles com tumores com tamanho máximo de 5 cm de diâmetro”, explica Alexander Corvello. A técnica é realizada com a ajuda de imagens de ultrassonografia e/ou tomografia computadorizada, com o paciente sobre anestesia local e sedação.

Além de proporcionar mais bem-estar para o paciente, devido a sua menor agressividade, o procedimento é uma forma de conter o tumor, evitando que ele se Espalhe para outras áreas através do sistema linfático ou sanguíneo. O câncer de fígado é agressivo e pode progredir com facilidade para outros órgãos, impedindo a chance de cura da doença. Por isso, é preciso atenção para o problema pois a maioria dos casos pode não apresentar sintomas até que o tumor cresça e se alastra pelo organismo.

Tanto a quimioembolização quanto a ablação por radiofrequência são armamentos efetivos para combater o câncer de fígado. Em conjunto com o acompanhamento de equipe médica multidisciplinar radiologia intervencionista, hepatologista oncologista cirurgião, podem proporcionar um tratamento eficaz a esta doença cada vez mais.

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